Domingo retrasado estive visitando essa mostra que está exposta no CCCB, em Barcelona. Uma dica, durante a semana a mostra é paga, mas domingo das 15h às 20h é de graça, assim como outros museus. Faz parte da política local de incentivar a cultura em Barcelona (como se precisasse...).
O World Press Photo funciona assim: todo ano um júri internacional formado por 13 membros escolhe as fotografias ganhadoras entre todas as enviadas por fotojornalistas, agências, jornais e fotógrafos do mundo todo. Existem 11 categorias: notícias da atualidade, temas da atualidade, personalidades da atualidade, esportes, fotos de ação, reportagens de esportes, temas contemporâneos, vida diária, retratos, natureza e artes e entretenimento.
A exposição das fotos ganhadoras percorre 80 cidades de 40 países a cada ano, com a condição que todas as fotos sejam expostas sem qualquer tipo de censura. O fato de que milhares de pessoas de todo o mundo visitem a mostra evidencia o poder da fotografia em superar barreiras linguísticas e culturais.
Nesse site - http://www.archive.worldpressphoto.org/ - há um arquivo das fotos ganhadoras em diversas categorias, com um acervo de mais de 10.000 imagens reunidas ao longo mais de 50 anos. Uma verdadeira retrospectiva de momentos marcantes da história e da sociedade humana através de fotos.
Passei umas 2 horas olhando as fotos. Eram muitas, porque em cada categoria pode haver tanto uma foto como um conjunto de fotos. Há fotos trágicas, de catástrofes naturais, de guerras, de miséria. Há fotos irônicas. Há uma foto de um tipo de leopardo muito raro de ser visto, que foi tirada por uma câmera disparada por sensor. Em 5 anos a câmera conseguiu apenas uma foto deste animal. Isso que é um exemplo de perseverança... O público era o mais variado possível. De idosos a crianças pequenas. Não sei se eu levaria meu filho pequeno (se eu algum dia tiver um) para uma mostra como essa, há fotos de conteúdo realmente brutal. A realidade é brutal, mas uma criança deveria ter tempo para descobrir isso. Mas também há fotos maravilhosas, não necessariamente em termos estéticos, o World Press Photo não é uma mostra que tem a intenção de ser leve e agradável aos nossos olhos, mas sim de nos fazer refletir sobre o mundo em quem vivemos, sobre realidades que muitas vezes não temos contato ou nem sequer sabemos existir. E isso é o que há de mais maravilhoso nessa mostra. O fato de haver pessoas dispostas a arriscar suas vidas para mostrar a realidade desse mundo, porque fotos em guerra não são exatamente fotos seguras. É preciso coragem e um certo distanciamento pra se conseguir estar no meio do caos e ainda assim realizar o trabalho de capturar esse caos em imagens para que o resto da humanidade sinta um pouco do que essas pessoas sentem. O fotojornalismo sempre teve essa função mais "crua", e mesmo no caso das fotos de esportes, que não são fotos violentas, quando o fotógrafo consegue congelar o exato momento em que um atleta salta no ar antes de cair na piscina, de como seus olhos fixam o além, de como sua mente está focada, de como cada músculo de seu corpo age, o resultado para mim são imagens impressionantes.
Na minha humilde opinião, o World Press Photo não é só uma mostra de fotografia. É uma aula de biologia, de geografia, de sociologia, é uma aula de vida e de mundo. Essas imagens valem muito mais do que palavras, com toda a certeza.
Esse ano a mostra esteve exposta no Rio de Janeiro entre os dias 29 de julho a 23 de agosto. O jeito agora é esperar pelo ano que vem. Por sinal, as inscrições para a edição 2010 estarão abertas a partir de 1º de dezembro, pela internet.
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