Bendita Ryanair, conhecida por alguns como "el bus volante" mas perfeitamente aceitável e vantajosa para mim. Aonde mais eu conseguiria passagem de ida e volta Barcelona-Milão, com taxas, por 8 EUR, eu disse, OITO !?! Viajar de novo não estava nos meus planos agora, não por falta de vontade, essa eu sempre tenho, e sim por falta de recursos... Mas assim ficou impossível não ir. E como me disseram que Milão não tinha muito o que ver, que quatro dias na cidade é muito, catei uma passagem baratinha de trem e fui parar em Veneza, na melhor época possível, o incrível carnaval. Mas isso é assunto para outro post, comecemos por Milão.
Tenho a mania de sempre organizar um roteirinho de viagem quando vou conhecer um lugar novo, para otimizar meu tempo e aproveitar o máximo possível a estada, ainda que sempre deixe um tempinho livre para perder-me pela cidade e descobrir aquelas coisas que não se encontram nos guias. Dessa vez, depois da experiência parisina de descobrir várias mostras legais de fotografia espalhadas pela cidade, não quis dar bobeira e resolvi pesquisar antes o que estava acontecendo por Milão em termos de mostras de fotografia e arte, e cheguei a dar pulinhos de alegria com o que descobri: exposições dos fotógrafos Steve McCurry, Tim Walker e do artista plástico mundialmente conhecido e pop Roy Lichtenstein! Iuhuuu!!!
Minha primeira parada e primeiro post então vai para o Steve McCurry, que está exposto no Palazzo della Ragione, pertinho da Piazza del Duomo, o lugar mais visitado de Milão. Pra quem não está ligando o nome à pessoa, basta mostrar sua foto mais conhecida, capa da National Geographic e mundialmente famosa, de uma menina afegã, fotografada em 1985, que tem um olhar assustadoramente penetrante. Mas depois de ver a mostra eu penso que mesmo sendo maravilhosa é uma pena que essa seja sua foto mais conhecida. Steve McCurry foi um mestre dos retratos e da antropologia, fotografando normalmente em lugares como Índia, Tibet, Ásia, Japão, retratando as pessoas e seus mundos, nos ensinando sobre costumes e sociedades com as quais não temos tanto contato e que são muitissimo interessantes e belas, mesmo com guerras, conflitos e pobreza.
- sua foto mais conhecida, National Geographic, 1985 -
Se alguém está pensando em fazer uma exposição de fotografia deveria se inspirar nessa. Além do trabalho sensacional do fotógrafo, a instalação era muito bem feita, criativa, lúdica, belíssima, se utilizando de suportes de madeira e telas negras semi-transparentes para pendurar as ampliações, num espaço histórico lindo, criando uma atmosfera mágica, não sei quanto tempo fiquei olhando a mostra, mas foi bastante. Olhava uma foto, ia para a próxima, voltava para aquela imagem, tão linda e forte em tudo que transmitia. Realmente, uma experiência maravilhosa. (clique nas fotos para vê-las em tamanho gigante)
A mostra é dividida em 6 temas: Retrato, Guerra, Alegria (pós-guerra), Infância, Beleza e Outro.
- entrada da mostra -
Acho interessante falar um pouquinho da história do Steve McCurry, que morreu em 2009. Ele nasceu na Pensilvânia, Estados Unidos, em 1950. Começou estudando cinema e se graduou em teatro. Sua carreira fotográfica começou quando ele passou a tirar fotos para o jornal da universidade. Depois disso fez a cobertura da guerra soviética no Afeganistão, disfarçado de nativo e com filmes costurados nas suas roupas para não se fazer notar. Esse trabalho lhe rendeu a medalha de ouro Robert Capa pela melhor reportagem fotográfica internacional. Em 1986 passou a fazer parte da agência Magnum, e nunca deixou de cobrir os conflitos internacionais, mas fugindo do que se espera de "fotografia de guerra". Suas fotos são coloridas, sinceras, e belas, ainda que retratem a realidade muita vezes dura desses países. McCurry também foi o único fotógrafo a ganhar quatro prêmios World Press Photo em um mesmo ano, além de vários outros prêmios de fotojornalismo. Nos seus últimos anos publicou diversos livros, dava workshops em Nova York e fez uma extraordinária cobertura do Ground Zero, lugar dos atentados de 11 de setembro. Suas fotos estão expostas em diversas galerias de todo o mundo.
Site da mostra, que pra minha sorte foi prorrogada, pois estava prevista para acabar dia 31 de janeiro: www.stevemccurrymilano.it (fala sobre a exposição e cada uma das obras expostas).
Site do fotógrafo: www.stevemccurry.com
Ops! Acho que tem uma informação errada aí. O Steve McCurry não morreu....
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