1 de fev. de 2011

As fotos que não tirei.

  Hoje eu faço 28 anos. Entrei a data sozinha no meu quarto, uma taça de vinho na mesa de cabeceira, um cão aninhado nos pés da cama, ouvindo Aerosmith e pensando na minha vida. No que viví até agora, os momentos importantes de minha existência, as coisas boas que me aconteceram, e também as dificeis. E resolví escrever aqui um post sem imagens, porque há coisas que não podem ser representadas por foto nenhuma, só o sentimento de estar lá é o que importa.
   Fico pensando se hoje em dia, com a banalização da fotografia e a nova mania imediatista de fotografar tudo o que se faz para botar no facebook, as pessoas não deixam de exercer aquilo que sempre foi uma de nossas qualidades mais preciosas: lembrar. Eu mesma, que apesar de amar a fotografia a ponto de querer fazer disso minha carreira e minha vida, seguido me pego lembrando de algo somente quando veja a fotografia. É como se a memória real, básica, não existisse. E olha que sou freqüentemente xingada pelos meus amigos porque nunca levo minha câmera nas funções sociais/ de lazer. Gosto de registrar os lugares pelos quais passo, mas não tenho o costume de registrar minha vida. Talvez seja por isso, por medo de perder as memórias espontâneas, de viver um passado guiado somente por imagens, esquecendo do mais importante, a emoção do momento, a bobagem dita que leva ao ataque de riso, ou as lágrimas da emoção de sentir. Se uma imagem vale mais que mil palavras, nossas memórias não têm preço.
    Nas nossas lembranças não existe o photoshop. Somos imperfeitos, somos errados, somos geniais. Não existe lembrança posada, não se retoca o rímel borrado de uma briga nem se deleta as palavras cortantes. Mas as fotos, por melhores que sejam, não transmitem o calor de um abraço, o prazer de uma reconciliação, a emoção de um eu te amo, a tristeza de uma perda, aliás, os momentos difíceis e sofridos nunca são fotografados, mas são eles que nos fazem amadurecer, nos fizeram ser quem somos. São parte fundamental de nossa existência. São nossos, só nossos.
   Por isso, me orgulho das fotos que não tirei, que são lembranças que nunca esquecerei. Acho que seguirei não fotografando minha vida. Fotografo o mundo exterior, mas meus sentimentos guardo só para mim. Eles são meu bem mais precioso. Eles fazem de mim uma pessoa diferente de todas as outras. Não melhor, nem pior, apenas eu. Cheia de defeitos, mas também com qualidades, ainda pensando demais, sentindo demais, agindo de menos. Ansiosa em sair para fotografar o mundo, sem nunca deixar de olhar para dentro. Querendo se perder por aí e quem sabe, assim, me encontrar.

  Feliz aniversário para mim. Com carinho,

 Vick.

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