23 de fev. de 2010

Fotopres "La Caixa" 09

     Esse final de semana fui ver uma exposição de fotojornalismo espanhola, a Fotopres.É patrocionada pela Caixa Forum, um centro cultural muito legal aqui em Barcelona, perto de Montjuic, que sempre conta com diversas mostras, e a grande maioria delas, de graça.
     Como a maioria dos prêmios de fotojornalismo, o Fotopres é feito de imagens fortes, de denúncia social e realidade nua e crua. Guerra, conflitos, violência, não vá se está se sentindo deprimido. Eu me considero uma pessoa bastante forte pra esse tipo de coisa, pouca coisa realmente me choca (ao menos vendo através da tv e de fotografias, nunca tentei me meter no meio de uma guerra, creio que seria bastante diferente), mas uma das séries da mostra conseguiu me deixar com os olhos cheios d`água.
     O fotógrafo Emilio Morenatti ganhou o primeiro prêmio do Fotopres de 2009 com sua série de fotos sobre a violência de gênero no Paquistão. Lá, por mais inacreditável que seja o fato de que isso ainda aconteça livremente nos dias de hoje, é normal as mulheres serem atacadas com ácido, normalmente no rosto. E seus agressores não são vândalos, bandidos, mas seus próprios maridos, primos, pais, por motivos tão cotidianos como recusar uma proposta de casamento, não querer mais filhos ou querer mais filhos. Às vezes simplesmente por ter nascido mulher, como aconteceu com uma dessas mulheres, que teve o rosto completamente deformado pelo ácido quando tinha apenas cinco anos de idade. Seu agressor? Seu pai, que não queria mais uma menina. E mesmo denunciados todos eles continuam livres, vivendo uma vida normal, enquanto essas mulheres mesmo após submeter-se a mais de 25 cirurgias plásticas (as que conseguem meios para isso), perdem sua visão, sua dignidade, sua imagem, sua vida.
      Essas fotos realmente me deixaram mal. Eu nem consegui fotografar essa parte da mostra para mostrar aqui. Se alguém quiser buscar no google pelo nome do fotógrafo talvez encontre algo, mas eu aviso, prepare o estômago.São imagens realmente  fortes.
       O segundo prêmio foi do fotógrafo Walter Astrada, sobre a violência póseleitoral no Kênia. O terceiro prêmio foi para Alfonso  Moral e suas fotos sobre a guerra no Líbano. As outras séries foram resultados de becas dadas à fotógrafos, e são sobre temas variados, sociais, como os trangêneros no Pakistão, o lado não tão luxuoso e um pouco bizarro de Dubai, os imigrantes ilegais em Barcelona e um antigo salão de baile hoje decadente, entre outros. Ao todo são 9 séries fotográficas. Valeu a pena ver, eu pessoalmente gosto da fotografia bela, gosto de retratar as coisas bonitas, busco a perfeição e imagens que façam sentir bem, mas aprecio a coragem desses fotógrafos que arriscam sua segurança e enfrentam uma realidade terrível para que o resto do mundo saiba o que se passa fora de nossas casas, de nossa sociedade medianamente civilizada, para que escutemos o grito de socorro dessas pessoas que não têm a mesma sorte que nós, que lidam diariamente com a tragédia, a dor, a perda, a violência, a discriminação, a injustiça...




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