30 de jan. de 2010

Paris, cité de la photographie!!! - Parte 3

     Finalmente o último post da saga Paris. Deixei para depois porque assim sou obrigada a revisitar as fotos e relembrar a viagem... Agora, matar a saudade, só voltando mesmo!
  Uma coisa que adorei em Paris é que a fotografia está em todo lugar. E não digo só porque não importa para onde olhes, vai ter alguém com uma câmera na mão. Paris valoriza a fotografia como nenhuma outra cidade, que eu saiba (ok, eu não conheço todas as cidades, então posso estar falando besteira, mas essa foi a impressão que tive). Aliás, isso não é só Paris, os franceses possuem uma cultura fotográfica sensacional, algumas das melhores escolas de fotografia do mundo estão na França e a cidade de Arles tem um festival anual de fotografia que recebe apaixonados e fotógrafos do mundo inteiro (depois faço um post sobre isso, se Deus quiser, direto de Arles). 
   Caminhando por Paris, nos lugares menos esperados me deparava com exposições de fotografia. Ao ar livre, numa grade, numa loja, queria muito ter passado mais tempo para explorar mais esse lado criativo e maravilhoso da cidade. É realmente uma surpresa deliciosa e um exemplo de que a fotografia pode e deve estar mais acessível a todos. Há tantos fotógrafos talentosos por aí dos quais não temos conhecimento! Se ensina sobre arte nas escolas e faculdades, mas de fotografia não se fala. Por quê? Por que não disponiblizar ao cidadão que sai todo dia de casa para trabalhar uma mostra de fotografia nas paredes do metrô? Por que não tirar as fotografias das galerias e workshops e trazê-las para as ruas, para o cotidiano, para a vida diária e assim criarmos a cultura da fotografia, afinal quase todos possuem uma câmera em casa, nem que seja para fotografar o aniversário do filho e as férias de família. Já quantos possuem um cavalete, pincéis e tintas? A fotografia conquista pessoas de todas as raças, idades e classes econômicas. A fotografia não discrimina. E eu tive a prova mais que concreta disso ao ver que o tipo de pessoas que paravma para olhar as mostras de foto espalhadas por Paris não poderia ser mais diversificado!

   Aqui uma mostra das exposições de fotografia que encontrei pelo caminho:

- Em Bercy Village - 

   Em Bercy Village estava tendo a mostra "Instants Merveilleux en Savoie Mont Blanc", com 47 fotos de quatro grandes fotógrafos de natureza : Eric Anglade, Antoine Berger, Didier Givois e Gilles Lansard. Depois buscando mais sobre o assunto descobrí que lá é costume fazerem exibições de fotos. Pra quem não conhece, Bercy Village é uma área de antigos armazéns que eram utilizados para armazenar vinho e que foram restaurados, abrigando hoje em dia ótimos bares, restaurantes e lojas. Menos turístico que o resto de Paris, é uma ótima opção para jantar ou só tomar um drink! 


        - grade dos Jardins de Luxemburgo - 





  Infelizmente a pateta aqui não anotou na hora o nome da exposição nem do fotógrafo... que lapso terrível! Mas essas fotos estavam expostas ao ar livre, na parte exterior das grades dos Jardins de Luxemburgo, havia muitas, acho que em torno de 60 imagens. Eu estava com as minhas amigas nessa hora, deixei pra buscar os dados depois... e não encontrei na internet! Perdão por isso, caros leitores. Mas na próxima vez que alguém vá a Paris, além de museus e monumentos, preste atenção nos lugares menos esperados... eles guardam as melhores surpresas!

21 de jan. de 2010

O lado oculto

   No meu pós me pediram pra fotografar retratos. Não só a mim, claro, a todos da turma. O problema é que eu sou terrível com retratos. Posso fotografar tudo com o maior prazer, mas fazer retratos me deixa... nervosa. Tenho medo de gente. Morro de vergonha de chegar pra um desconhecido e apontar minha câmera pra cara dele... ou pior ainda, ter que conversar e pedir permissão... e se fotografo de longe e a pessoa vê, tenho que me segurar pra não ir lá correndo, me ajoelhar e pedir mil desculpas por estar invadindo a privacidade dela, ou pior ainda, sair correndo pro lado oposto, câmera na mão, como uma trombadinha. 
    E o engraçado é que fotos de moda eu gosto! Não tenho problema de fotografar um modelo, porque a pessoa está mais do que acostumada, eu sei que ela quer estar alí, é o trabalho dela, assim como fotografar é o meu. E foto de moda é mais arte, é atuação, é teatro, já o retrato é realidade, é dureza... não sei porque isso me assusta tanto, e faz o ponteiro da minha auto-crítica ir lá pra cima, mas a verdade nua e crua é que sofro com retratos...
    Sexta passada saí pra tentar fazer umas fotos. Claro que tinha muita coisa interessante pelo caminho,  afinal, estou em Barcelona, mas tentei me focar em pessoas.... e acabei fotografando cachorros. Com pessoas, ok, mas o principal da foto são os cães. Essas até que não achei de todo mal... Já os retratos... Esperei 2 dias pra ter coragem de olhar as fotos. Quando finalmente fui vê-las, não encontrei nenhum que me convencesse. "Esse tá fraco... esse é clichê... clichê.... pobre... fraco... perdí o momento... mais clichê". Tenho uma implicância com a fotografia de retratos, acho que tudo é clichê. É raro um retrato que me impressione. Mas talvez eu esteja buscando nos lugares errados...
     E aí, hoje estava lendo um livro sobre o Man Ray (tentando aprender algo com quem entende da coisa... já devorei o do Robert Doisneau também). E tive uma inspiração súbita baseada na estética de suas fotos, que até hoje em dia, de clichê não tem nada. Resolvi pegar 3 fotos "clichê" que eu havia tirado e que pra mim careciam de algo que as tornasse especiais, e fazer um experimento. Não sei se ainda se pode qualificar como retratos... mas a fotografia tem o bom de ser subjetiva, então aí vai:









    Não são obras de arte, nem grandes idéias inovadoras, e foi bastante simples chegar a esse resultado, obviamente. Mas não sei, achei que assim, ao contrário, elas ficaram mais interessantes... Não se diz que tudo tem dois lados? ;)

15 de jan. de 2010

A vida imita a arte, e a ilustração imita a fotografia!

     Pesquisando sobre um ilustrador que eu gosto muito, o britânico Jason Brooks (www.jason-brooks.com) descobrí uma ilustração recente dele que na hora ativou a minha memória. É um desenho feito para a capa de um cd do selo de música eletrônica Hed Kandi - muito bom por sinal. Brooks trabalha com a Hed Kandi há anos, e na verdade eu descobrí a gravadora porque me encantei pela ilustração na capa do cd. Seus desenhos são inconfudíveis e exaustivamente copiados, e seu estilo se tornou uma inspiração para milhares de ilustradores digitais. O desenho em questão vale um post por ser claramente inspirado em uma foto da Gisele Bundchen, fotografada pelo mestre Mario Testino para a capa da Vanity Fair de setembro de 2007. Eu não conseguí a ilustração em tamanho maior, mas acho que vocês podem perceber as semelhanças...


 - capa da Vanity Fair... - 



- ... e a ilustração de Jason Brooks! -

     Fiquei curiosa sobre o assunto, foi surpreendente descobrir que até mesmo um gênio da ilustração como Jason Brooks  busca inspiração em algum lugar... (nesse caso, quase um plágio!). Tentando descobrir se havia mais algum desenho dele inspirado em foto real, descubro um anúncio de uma empresa americana de cosméticos, a Jergens, não muito conhecida no Brasil. Bingo!!! Mais uma referência claríssima!



- a campanha da Jergens... - 



- ... e a ilustração, mais uma vez para Hed Kandi! -

      Não sei se é a Hed Kandi que encomenda e sugere o lay-out, ou se é o próprio Jason Brooks que tem as idéias, nem se há outros desenhos inspirados em fotos, mas o fato é que não me sentirei mais culpada e achando que sou uma fotógrafa sem criatividade por buscar fotos como referências para meu próprio trabalho, principalmente retratos, que não são meu forte... Claro que não tão descaradamente!!! Ainda assim continuo adorando o trabalho desse ilustrador, e desejando ter toda a coleção dos cds maravilhosos da Hed Kandi!

14 de jan. de 2010

Série "Filmes fotográficos" - Vicky Cristina Barcelona

    Resolvi criar uma série de posts sobre filmes que tratem ou tenham a ver com a fotografia e/ou com o mundo dos fotógrafos. Tenho alguns em mente, mas não são muitos, então se vocês tiverem sugestões, por favor me enviem, seria uma ótima contribuição!
    Vou começar com um que só pelo título já tem muito a ver comigo: Vicky Cristina Barcelona, dirigido por Woody Allen, com Javier Barden, Penelope Cruz, Scarlett Johansson e Rebecca Hall, e ambientado em Barcelona. Eu sou Vick e estou em Barcelona, e embora a fotógrafa do filme seja a Cristina, eu me identifico muito com ela em sua busca por auto-conhecimento e descoberta da paixão pela fotografia como algo mais que só um hobby. Além do mais,  Barcelona é uma cidade ótima para se desenvolver a fotografia, há lugares lindos e pessoas interessantíssimas, de todas as idades, etnias e estilos.
    Para quem ainda não assistiu, o filme trata da história de duas amigas americanas que vêm passar férias em Barcelona. Vicky (pensa que) sabe muito bem o que quer da vida, vem estudar a cultura catalã para terminar seu master e está noiva. Já Cristina tinha acabado de terminar um namoro, dirigido e atuado num filme que ela agora odeia e se sente um pouco incompreendida e perdida, como uma pessoa que sabe que tem um grande potencial criativo mas não sabe como expressar-se. É aí que ela encontra a fotografia como forma de expressão e de satisfação pessoal, e nesse ponto o filme podia ser quase auto-biográfico, pois eu também comecei a fotografar num período de crise existencial e buscando uma forma de expressar meus sentimentos. Algumas pessoas pintam, outras compõem, os fotógrafos tiram fotos numa busca por transmitir em uma imagem sentimentos que não conseguem expressar por si mesmos. A fotografia pode ser uma grande arma na busca do auto-conhecimento, além de um estilo de vida. 
    Claro que o filme também enfoca outras coisas, ambas as amigas se envolvem com um artista plástico espanhol, sedutor e ainda ligado à sua ex-mulher linda e emocionalmente instável... mas eu não vou contar todo o filme, o melhor é assistir-lo! 



  Penélope Cruz e Scarlett Johansson em uma cena do filme 


      Minha intenção aqui não é escrever uma crítica sobre o filme, até porque nesse ponto sou completamente leiga, não entendo de cinema e só posso julgar pelo meu gosto pessoal. Mas seria interessante sugerir filmes que mostrem a fotografia, ou a vida de fotógrafos, e quem sabe, debatermos um pouco sobre essas idéias. Por isso peço a participação de vocês: comentem, opinem, dêem sugestões, com certeza serão muito bem vindas! Um feedback é sempre uma boa, ao menos para dizerem se estão gostando do blog ou não!

9 de jan. de 2010

Paris, cité de la photographie!!! - Parte 2

            Paris guarda uma surpresa a cada esquina, uma descoberta a cada passagem estreita que se abre para um patiozinho lindo. Pois foi em uma dessas passagens que descobrí uma das lojas mais legais que já ví, a Yellow Corner
     Já havia visto um homem no metrô com uma embalagem da loja, e tinha ficado bastante curiosa, pois ví que havia uma fotografia já enquadrada dentro, embora não pudesse ver qual. E aí, caminhando pela Rue Francs-Bourgeois, ainda no bairro de Le Marais (não disse que esse bairro era ótimo?), uma ruazinha estreita, com prédios antigos e cafés cheios de charme, lojas de estilistas e de design moderno, numa dessas entradas que dão para um pátio, descubro uma filial da tal da Yellow Corner.



 - fachada da Yellow Corner, um charme! - 


    Claro, entrei na mesma hora, com uma curiosidade enorme, e não me decepcionei, ao contrário, fiquei encantada. A loja é um misto de galeria de arte com loja de fotografia, onde todas as fotos expostas estão à venda, em quantidades limitadas e numeradas, todas com um certificado de autenticidade e uma breve biografia do fotógrafo. Além disso há expositores como os de lojas de vinil, onde se pode olhar as mais de 150 fotografias diferentes, em vários tamanhos, algumas já prontas para pendurar na parede, com passe-partout e tudo, e o melhor, preços super acessíveis, a partir de 29 euros! 


    - um verdadeiro banquete de fotos! -                                                

       Infelizmente não pude comprar nenhuma foto, e havia me apaixonado por pelo menos 5 delas... mas fiquei super feliz quando descobri que há filias da loja em outras cidades da Europa, inclusive em Barcelona, embora eu aqui só tenha encontrado um totem pequeno na Fnac. Mas o bom é que se pode  comprar on-line também, e não só por isso, mas por curiosidade em ler mais sobre alguns fotógrafos que adorei, assim que voltei de viagem acessei o site deles - http://www.yellowkorner.com/ . Vai aqui então um breve histórico de como surgiu a empresa: Foi criada em 2005 por dois amadores apaixonados por fotografia, Alexandre de Metz e Paul-Antoine Briat,  que desejavam democratizar a fotografia sem que perdesse o status de arte. As fotografias vendidas na Yellow Corner são selecionadas por um comitê artístico que percorre exposições, galerias e mostras ao redor do mundo em busca de novos talentos e também do trabalho de artistas já renomados no mundo da fotografia, mas principalmente atuando como um trampolim para jovens fotógrafos profissionais. As fotografias são encontradas em todos os tamanhos e formatos das galerias de arte, em cópias de alta qualidade. No site se encontra o catálogo, que eles também enviam por e-mail, além de biografias dos fotógrafos, um bom guia para quem busca trabalhos novos e criativos.


 - galeria de arte dentro da loja - 


 - o paraíso para os apreciadores da fotografia como arte - 


    Uma pena que não há exista filial na América latina, mas certo é que não voltarei da Europa sem ao menos uma foto deles na mala... difícil vai ser escolher qual!

4 de jan. de 2010

Paris, cité de la photographie!!! - Parte 1

      Ah, Paris, Paris... mais conhecida como cidade-luz, injustamente não chamada de capital da fotografia. Passei 5 dias lá, e tenho que dizer que fiquei maravilhosamente surpresa e absolutamente maravilhada. Estou cogitando seriamente começar a aprender francês pra ir estudar lá depois que acabar meu pós aqui em Barcelona. 
     Que Paris é linda e extremamente inspiradora pra tirar fotos todo mundo sabe. O que nem todos sabem, e que eu não sabia, é o quanto a fotografia é valorizada em Paris. Qualquer banquinha de souvenirs ou de revista, e elas estão em toda parte, vende centenas de reproduções tamanho cartão postal ou pôster de fotos antigas em preto e branco. E são lindas!!! Comprei algumas e me arrependi amargamente de não ter comprado mais. Bom, fica pra próxima... Há desde fotos clássicas como "Le Baiser" de Robert Doisneau e "L’Accident à la Gare Montparnasse" de 1895, autor anônimo, até fotos pouco conhecidas mas igualmente belas como a de um gato francês (de boina e camiseta listrada). E o melhor: o preço! Claro que não são super reproduções, mas por 1,00 euro vale a pena fazer um rancho e encher uma parede de fotos. 



 - dificil escolher entre tanta variedade de fotos!!! - 



 - "Le Baiser" - Robert Dosneau - 



- "L’Accident à la Gare Montparnasse" - 



- "Locomotive Aerodynamique a là Gare de Lyon" 1937 -


       Além disso, passeando pelo bairro Les Marais (se pronuncia "Le Marré"), o famoso bairro dos artistas e dos museus (o Museu Picasso fica lá), tive a grata surpresa de estar meio perdida, andando por uma ruazinha não conhecida, e passar por uma galeria de arte, bem pequena e simples, com algumas fotos expostas... reconhecí as fotos, e, sensacional, era uma exposição do Richard Avedon!!! Uma pena que a galeria estava fechada, tirei umas fotos através da vitrine, mas estava sem meu polarizador, então tem um pouco de reflexo, mas vale a pena ver: 



 - Richard Avedon em uma galeria de Paris - 


               Le Marais também é um paraíso pra quem gosta de arte. Ao redor da Place de Voges estão inúmeras galerias com arte contemporânea, um banho para os olhos. E quando se cansar de olhar é só sentar-se em um dos vários cafés ao lado das galerias. Mas o melhor desse bairro, e que não está em muitos guias de viagem, mas no meu tinha (recomendo o Guia Paris da Publifolha, super completo e fácil de usar) é que lá também está localizado a Maison Europénne de la Photographie (http://www.mep-fr.org), um edifício de 5 andares dos anos 70 que antigamente era o Hotel Henáult de Cantobre, com uma nova ala inaugurada em 1996. Lá há um acervo permanente, 1200m² e mais de 20 mil imagens que representam a criação fotográfica internacional dos anos 50 até os dias de hoje, além de mostras temporárias, um auditório para 100 pessoas que exibe filmes relacionados às exposições, uma biblioteca e uma sala de vídeo. Vá com tempo para olhar!



 - fachada da Maison Europénne de la Photographie - 


    Claro que tem mais pra falar, mas vou deixar para um próximo post, pra não entregar tudo de bom de uma vez só! Au revoir!!!